domingo, dezembro 09, 2007

Domingo na Praia

Mais um na linha do realismo urbano

I
À caminho da praia um quarentão serelepe
Segue mascarado de protetor solar

Feliz da vida levando a tiracolo
A jovem morena que se abre em riso
E sedução

II
A danadinha, ainda meio escondida
o diminuto short e na curta blusa
que traz estampado um caboclo de lança,
Ignora o tempo e os olhares
mostra pedacinho de língua entre os dentes
e segue com seu jeito moleque e tentador
falante e cheia de gestos.

III
Minutos depois
Na arena da praia
Nem short nem blusa ocultam as formas
A água do mar arrepiando-lhe a pele
Um oceano de vontades inunda os dois.

IV
Pena aquele arrastão
Aquela onda de pânico
Tirando o encanto do domingo
Para aquele quarentão serelepe
Que sentado na areia
Se pergunta ansioso:
- Cadê a morena?

Dez/2007

sábado, dezembro 01, 2007

Antônio Falcão com Domingos Ferreira

Não é minha praia o verso livre. Surfo melhor nas ondas da tradição popular nordestina. Só que vez por outra chega dá uma veneta e arrisco a rabiscar uns versinhos avulsos, como estes que seguem abaixo:

PARTE 1- NOVE DA MANHÃ

Pelas persianas se vislumbra
Ali bem pertinho do sinal
O diário vendedor de frutas no seu posto
A aliciar os carros que transitam
Seduzindo com cores e sabores.

A vermelhança dos cajus no tabuleiro
Compõe com a amarelitude esverdeada das mangas

Um
tropiquadro agridoce deste prenúncio de dezembro.

Meninas de canga e chinelo de dedo
Desfilam fagueiras em busca do Atlântico
Para realçar a morenitude tão nossa que atiça
Seduzindo com cores e amores.

PARTE 2 – NOVE DA NOITE

Meninas de todos os sexos
Economizam nas roupas
Exibem curvas e batons
E se postam vendedoras si no mesmo sinal da manhã

Atentas aos carros que transitam
E já não mangas nem cajus
Mas noturna mercadoria
Goiabas e maçãs
Do pomar das fantasias.